quinta-feira, 28 de junho de 2007

| As três Marias |

“As três Marias” (para ver as estrelas use Road Trippin do disco Californication do Red Hot Chili Peppers)


Janela Aberta?
Ventilador ligado?
Persiana batendo?
Acidente de carro na esquina?
Pessoas na rua falando como se estivessem do seu lado?

Não!

Foi só um pequeno e curto um beijo na nuca.
Foi isso que me fez pegar fogo e acordar com os olhos ainda fechados.

Lençóis para servir de testemunha, uma pequena luz em forma de lua ligada na cabeceira da cama. O silêncio do oxigênio sendo puxado.


Cadê meu ar?

Não lembro quando, mas não lembro mesmo! Faz muito tempo...
Vi o céu, as estrelas e até os anéis de saturno... E agora, só faltava às pequeninas nuvens. Já às vi!!! Olha que lindo... assim, tão redondo... durinho, macio... cabe no céu da minha boca.

Tatear com a língua foi instinto.
Cheirar com os olhos foi opção.

Meu pulso ficou rígido e pronto para ver as três Marias.

O ponto “G” não é o alvo.
Naquele momento não importava quem era a flecha ou o arco.

Ser único ao natural.
Pressão que nada. São só meus dedos planando naquele mundo recém descoberto.

Não me sinto um E.T. Sou de carne e osso.
Fui abduzido e não percebi. Que bom!

Como em um quebra-cabeça de duas mil possibilidades esperando para deixar de ser muitos e se transformar em um... perfeito, firme, forte, intenso passeio de coxas.

Os olhares se cruzam. Sentir é o efeito. Qual será a causa?

Perco o sentido.

Meu corpo está queimando.
Suor é o combustível.
Não pára!!! Não pára!!!

...

E o silêncio que não incomoda, se faz mais uma vez presente.

Nariz com nariz. Oxigênio sendo reciclado... e aos poucos, o sorriso é descortinado com um lindo nascer do sol incomum para aqueles
dias de chuva.

Bom dia!



Edu Ferr.


| Doce mundo visível |

“Doce mundo visível” (melhor empinar pipa com Adelaide da banda Mombojó de Pernambuco)


Diluir um simples sorriso em pequenas porções homeopáticas
daria para abastecer mais da metade do seu EU que é seco e curto.

Ficar parado com nível ondulares de distância, pede uma pipa como guia.
Dê-me mais linha para dispersar. Não quero rabióla*.
Girar em torno de si, é o teu exercício favorito.

Imaginar é parte de uma evolução, e de fato, a tua revolta.
Subir mais alto com um carretel de cem jardas, não é o suficiente para ser.

E com esse vento forte, que é o tempo. Pode até ajudar a romper a única ligação entre o carretel e a pipa. Mas o cerol** na linha existe para se proteger. Cuidado!

Que corda tu me deu?

Entra e sai, sobe e desce... corre!!!
Ela vai subir com teu desejo.

A transferência de felicidade deveria existir.
Melhor do que se tele transportar para um nada já conhecido de cor azul.

Mas olha que mundo lindo nós vemos.

Quer vir pra cá? Ah! Esquecer o caminho de volta é fundamental.

Me perdi. Quero minha pipa.

Entra e sai, muda a foto.
Fico na linha para te ver fora dela. E em inglês, como seria?

O zero não conta?
24. O dia.
26, dois dias depois, foi melhor.

Me empina.
Teu mundo é tão alto assim?


Edu Ferr





*Rabióla = Calda feita de linha dez e fitas para equilibrar a pipa em seu vôo e podem ser feitas de plástico ou papel de jornal.**Cerol = Linha coberta com uma leve camada de vidro moído mergulhado em cola branca. Serve para cortar as pipas menos preparadas e deixar a linha mais forte do que já é.