
Construir anjos é uma das coisas mais gostosas de fazer.
Sempre com opção e não importa a idade, 7, 26, 28, 45 ou 50.
Primeira via com direito a tudo: RG, CPF, Título de Eleitor...
Neste tempo tudo tinha gosto, mesmo sem pista de pouso.
Se imaginar aos treze anos, era perceber que o tempo não passaria.
Visão do chão era raso.
Voar com asas curtas, não fazia parte dos planos.
No itinerário feito para uma asa tão pequena.
Só o céu teve limite para um único mergulho.
Mergulho com profundidade e sem volta.
Comparação é o vôo rasante final que damos enquanto se voa.
Onipresença em pensamentos rápidos e latentes é como dar nome ao amor.
Matilde Urrutia seria o seu nome e sobrenome.
Deixaria os óculos para não distorcer as cores. Ou era só pra fechar os
olhos e não ver a altura?
Segunda via com susto. Crescimento de novas vidas.
Renovação junto ao sol com habilitação para me dirigir ou seria pilotar?
Já alistado ficando como reserva.
É bom ficar no solo. Ou quase nele... ainda...
A umidade relativa do ar chega a dezenove.
Força “G” sempre presente... posso rir?
Espaço aéreo sem reconhecimento faz parte das acrobacias.
E nem assim, minha sombra me deixa.
Cento e cinqüenta e um é o que não é real.
E por isso se torna minha partida.
Vamos planar!
Quantas horas de vôo são importantes para se decidir quando vai parar?
Dúvida não tem pés ou velocidade, mas sempre rompe a barreira do som.
Minhas asas estão em brasas.
Mas infelizmente não posso te dar.
RG já não existe.
Estou na terceira via e desta vez com o passaporte. Hoje tenho meu plano, e é de vôo.
O que eu sei hoje, é que até os anjos aproveitam as árvores para se completar.
Posso?
Em quase trezentos anos depois, faço hoje meu aeroporto de sonhos com direito a vaga-lumes no meu jardim.
... e ontem era domingo quando isso aconteceu.
Edu Ferr.
*Foto tirada na Hermes da Fonseca onde vai ser o museu da Honda.