segunda-feira, 22 de outubro de 2007

| Com prazer... Imagine |

Ambiente em minuatura do Museu Erótico de (Pigalle) Montmartre - Paris
(Com prazer...Imagine com Chico Buarque em 'As Vitrines')


Foi sem batom que a senti chegando perto

...prendi a respiração, abri os olhos, comecei a sentir

o gosto da dita boca bem delineada a minha frente.


Foi uma escada vermelha que nos levou para

uma pequena mureta e ela nos separava do

precipício de estar tão longe.


Nas pontas dos pés e sem esforço ficamos imóveis.


Víamos um jardim...


Silêncio não fazia parte do discurso.

Com atos e fatos ditados sem pudor,

aceleramos no desejo de sermos nervos.


Instinto.


Duas palavras para desenhar: silêncio e prazer.


Sem força, o céu mostrou que gostaria

de ter seu par com todo aquele calor.


Mas o vento... Ah! O vento...


18h53min. de uma pequena varanda antiga.

As horas passaram lentamente para não aproveitar o depois.


Os sorrisos se cruzam sem ajuda da loucura achada

em meio a tanta energia.


Fechamos os olhos para o nada

que ali estava preenchido.


Corpo sem dó é um vício.


Mente perto de tudo que é molhado.

Contínuo assim, parado.


Sentindo por dentro, fico quente

e com força de ir e vir cada vez mais ritmado.


Teu suor veio em forma de gemido

seguindo uma composição em Dó maior.


E eu, ainda parado, fico aqui nesse degrau de escada

adquirindo células cancerígenas com ajuda do meu

isqueiro verde limão.


Foi assim, com prazer, que te imaginei...

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

| 12 de Abril de 2005 |


“... Por ti junto aos jardins cheios de flores novas me doem os perfumes da primavera.
Esqueci o teu rosto, não me lembro de tuas mãos,
como beijavam os teus lábios?
Por ti amo as brancas estátuas adormecidas nos parques,
as brancas estátuas que não tem voz nem olhar.
Esqueci tua voz, tua voz alegre, me esqueci dos teus olhos.
Como uma flor a seu perfume, estou atado a tua lembrança imprecisa.
Estou perto da dor como uma ferida, se me tocas me farás um dano irremediável...”



Pablo Neruda, 1978 (de Para nacer he nacido)



Não estranhe começar esta carta com uma poesia de Neruda.
Falo com intimidade: Neruda. Por que estou mais do que nunca apaixonado por ele.
É... apaixonado.

Ele que é tão misterioso quanto à nuvem do céu da tua boca, onde minha cabeça irracional muitas vezes explorou jorrando alegria e vida em vão.

E ao mesmo tempo tão in-ocente como comer um pedaço de pizza com a mão e lamber os dedos melados em uma ação in-esperada, e sentir prazer.

Ele, Neruda in-vadiu minha alma sem pedir licença, assim como um dia fizeste a minha pobre mente.

E em forma de poesia ele deixa sementes que me faz sentir paz através da dor, como há muito eu não tinha.

Quero escrever com amor.
E quero fazer isso com coerência, para não perder a razão e cair no óbvio.

E com amor, recito esta poesia através do vento, aonde chegará aos teus ouvidos de uma forma nítida e suave, as minhas doces e ao mesmo tempo tão amargas palavras escritas nesta carta... Mesmo que me sinta tão cansado, não vou deixar de falar a verdade mais profunda e in-certa que o in-finito.

Verdade que vem deste pedaço de carne por onde e sem trégua, arremessa o fluido que faz minha vida ter vida.

Há tempos não in-comodo os teus ouvidos. Os mesmos que um dia escutaram meus suspiros, como quem se afoga no mar calmo e raso, a procura de se libertar aos gritos da vontade de te dizer: te amo.

Te amo. Em forma de vida.
Te amo. Em forma de socorro.
Te amo. Em forma de morte.
Te amo...

Com a mesma in-tensidade de te falar com os olhos apertados, que não és hoje a mais perfeita. Fazendo-me assim, entristecer.

O meu “In”, hoje, é mais do que in-certo.
É certo.

Mais do que in-seguro.
É seguro.

Mais do que In-grid, é...“Out”.
Como os peixes in-vertebrados que um dia acolhestes dentro do teu lago profundo e quente. E como uma onda gigante os expulsasse de tal forma, que os sinto até hoje,
in-quietos a tua procura.

Procura essa que cessou.
Procura que não existe e
que nunca existiu de tua parte.
E hoje, não mais da minha.

Minto.

Peço licença e perdão para minha falta de pudor, e acrescento a minha in-ocência, tal como
a do meu primeiro amor.
Que hoje a ti tenho, ou tinha.

Minto.

E que se tornam lembranças... As mesmas, que não passam de momentos carnais.

Minto.

Momentos esses, que aos poucos são tomados por uma enorme e forte vontade de te dizer só mais uma vez... Só mais uma vez...: Como é bom te ter só minha, só minha... Desnuda e linda como uma rosa pequena desabrochando que cabe na palma de minha mão.

Mão esta, que consegue em meio ao campo imenso de um outono sombrio, te achar.

Rosa que é comum.
Mas tão diferente.
Tão única.
Que é in-visível a olho nu.
Assim como o castelo que construímos.

Nu, que me faço neste in-stante, sem ti.

Sem tua voz ofegante pedindo em forma de clemência para não parar de te amar loucamente, entre gritos de desejos e compassos apressados de nossos corpos.

Assim, da mesma forma apressada que tua alma me deixou.
Alma essa, que está armada, e que tem surtos in-cessantes de loucuras, que é capaz de nos tirar da terra.

Terra que pára.

Pára ao sentir o clímax do nosso amor.
Amor esse, que não mais existe...
Ao contrário da tua delgada linha de lua nova, que tem tua cintura: cintura esta, que toco diariamente ao ver o céu do meu quintal.


In-grid.

Nem in, nem out.
É assim que me encontro nos teus pensamentos perdidos.
Que é achado por outro sem nome.

Nome que hoje tenho, Edu-ardo.
Que tanto te aqueceu nas tardes e noites frias.
Na tão sonhada e desejada Ilha não linear da vida.

Ilha que não mais existe.

Minto. Existe sim.

Mas tempo é o que realmente não temos. “E mesmo assim, quero exercitar a faculdade de abstrair as aparências, medíocres ou dramáticas que encobre a beleza divina subjacente em tudo”. E por isso mais uma vez me perco no tempo, mesmo sem tê-lo.

Tempo, que não controlas mais.

Controle que tenho e que tu me roubas, assim como fez “esse” Porto Alegre pela segunda vez, roubando mais um amor meu... Mas sei que muitos virão... Sem in e out.

E por isso, estou saudoso de uma primavera tão esperada, e ainda, não vivida de nossa vida a dois...
Em um único e só corpo... e mente.

Me abrace e me dê um beijo.

Minto.


Natal, 12 de Abril de 2005.

domingo, 19 de agosto de 2007

| Desafinada-mente... |

" Desafinada-mente..." (vamos nos afinar com ‘Flowers’ de Emilie Simon)



... mais de um ano se passou.

Como começo, um restaurante.
Horas rápidas e certeiras.
Meio dia, sem início e fim. Apenas Quântico.

Sempre em dois. Eu e ela.
Ela com ele assim como irmãos.
Eu com ela assim como amigos sem cor.

Salada e moto ao molho da vontade.
Receita pronta não existe.
Gosto de comida, ela sobre a mesa.

Livro na mão que falava de vida casada
com a morte em plena lua de mel.

Era só um conto?

Apelido em Francês.
Acesso difícil.

Conheci deste jeito.
Menina verde, hoje mulher doce.

Ela é suave e atrevida.

Abraços de dedos.
Desejei mais que isso e ela nem soube.

Eu do lado oposto ao Sul... Temporariamente.
com sonho realizado.

Não presto por pensar. Ela também não!

Cinta liga faz parte do meu presente.
Moulin Rouge? Não paguei pra ver.

Minha chave lhe custou R$ 1,50.
Quem dá mais?

Ela arquiteta planos como quem faz contos.
Até me matou para fazer uma novela mexicana.

Noite de lua com cara de Alice esperando a maravilha.
Foi assim que fiquei.

E me contento com bits.
Tela pequenina como os pés dela.

-Eu te mostraria minha cama, se não tivesse tão bagunçada.

Cem vezes para escovar o cabelo, não é o suficiente
para esquecer.

Ela é sempre várias.

Se todo palavrão fosse bem vindo, eu GRITARIA: QUECOISALOUCAÉTUACINTURAABRAÇADAPORTRÁSPUTAQUEOPARIU.

Como criança de dez anos de idade, deixo meus post-it
com a sombra da dúvida.

Meu balcão fala baixinho, quase sussurrando:

-Tenha ela aqui, sempre em vista, de preferência em cima de mim, molhada e ofegante.
Melhor visão não há!

Eu disse sem me conter:

-Não rebola!

E o meu “não” é sempre seu alimento predileto.
Um dia terei surpresa se o “sim” vier.

Amizade que nos sustenta.
Desejo é o que somos.
Tesão? Há o tesão... Preciso completar?

E pensar que nas ruas de tão, tão distante, lá longe, bem depois do Oceano Atlântico,
eu escolheria nada mais, nada menos, que uma simples rua para poder te ter,
assim, pendurada em meus ombros.

Olha como esse mundo dá voltas...
E ainda me sinto com dez anos de idade.

Se isso é bom? Só o tempo vai dizer...



Edu Ferr.

(Foto de uma artista de rua em Paris. Temos muito por aqui e nem notamos)

terça-feira, 14 de agosto de 2007

| Seu Pereira |


“Seu Pereira” (papiei com Seu Pereira ouvindo ‘Temptation’ de Diana Krall)

Colha uma goiaba madura do pé.
Morda um pedaço dela...
Mastigue lentamente sentindo o gosto doce, suave e natural...

Agora corte um pedaço de queijo Coalho, ponha na boca... isso... assim...
Sentir o salgado após o doce é um processo.

Seria esse o pior começo de um texto?

Respire.

Tome um gole de água para tirar o gosto.
Pode comer até Gengibre.

Neste momento misture os dois... Que sensação você tem?
É assim que nos sentimos: diferentemente indiferente.

Seu Pereira me falou que a cidade se chamava Parnamirim antes
de ser Eduardo Gomes, uma homenagem.
E agora é Parnamirim... de novo.

Nasci lá.

Vamos ser de novo...
Sei que imagina, assim... Experiências.

E eu, te imagino fumando cigarro mentolado em um
andar desses prediões perdidos com uma pequena varanda,
sentada em um outro pequeno espaço de concreto e cercada
de plantas com menos vida que você.

Seu Pereira ganhou as três partidas seguidas que jogamos
com no mínimo três Damas.

Te quero puta.
Só minha, mas te empresto para viver.

Seu Pereira sem pretensão e sem olhar, me disse
que a experiência não se tira do bolso.

Opa! Assopro... Dancei!

Excessivamente qualquer coisa
é o “obrigadão” do depois.

E lá vai Seu Pereira, homem bom e paciente...
Eu fico aqui, dando risada do que amanhã vai ser.


Edu Ferr.

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

| 150cm de mapa |



"150cm de mapa" (Sinta saudades com ‘ Times is running out’ da banda MUSE)



Olhos atentos!
Ouvidos pra quê?

Vontade de ter mãos ligeiras com asas.

Distância que não existe.
Indicador aponta no mapa do mundo onde você
pode estar.

Parece perto, bem ali... oito quadras subindo.

Ela nem sabe que pensei da melhor forma.
E assim, ficaria nos meus braços sem medo.

Vin Wenders, Truffaut... são os amigos imaginários mais reais que tive.
Jim Morrison com Chopin faz aquele carnaval enquanto Kardec
me vê pensando em você. Sem falar que Rodin pira nas suas formas
ao ponto de te desejar sem metade alguma.

Bonecos de cera falantes me mostram as
letras do teu nome espalhadas nas placas
de uma loja de roupas.

Te vi nua uns dias atrás.
Dados não têm gosto.
Minha língua deu choque, mas valeu a pena!

Cento e cinqüenta metros ainda não é nossa distância.

Não se esconda.

Deixa eu te pegar como deveria ter feito antes.
Garanto! Serão mais de cinco, cinco... dedos para te segurar.

Respire menos, assim quem sabe você não me gasta.

Tome também meu tempo.
Quero você sem ele nas mãos para poder me acabar em teus lábios.

Não se perca.
Rua da Saudade só tem uma. E é onde eu moro... por enquanto.



Edu Ferr.

segunda-feira, 9 de julho de 2007

| Fada Azul e o Zé Epitáfio |


“Fada Azul e o Zé Epitáfio” (em silêncio)


“O homem é como a espuma do mar que navega pela superfície das águas e quando o vento soprar ela desaparecerá. E assim são nossas vidas quando se são varridas.”

Felipe S (Homem Espuma - Mombojó)




Ter continuidade...
Página em branco para ser preenchida, é uma opção.

Quero me soltar desta vez.
Posso? Ou te incomoda?

Coleguismo virou moda que não passa. E é a única coisa boa.
A generosidade não está no sangue da maioria que poderia ser comum.

Não sei até aonde isso vai...
E me deparei com fatos sem intenções.
Mas eles passaram com a emoção do momento. Percebi, mas não me convenci.

Eu escrevo o que acontece ao meu redor e comigo.
Pode parar por aqui se preferir, isso é uma das escolhas que você ainda pode fazer.

Moral de tudo... É escolher. Não perca tempo!

Não pense muito, mas pense.
Agir com razão é o que procuramos.
Mas quando nos encontrarmos o que será?

Fazemos à seleção que nos interessa e por si só, isso já é andar.
Ser indiferente é sair vivo.
E fazer isso com precisão não é só o fim. Não falo da precisão da necessidade,
mas de ser preciso... Me falaram. Que engraçado não é?

-Então fÓdeu!
Não sou boa em matemática. Disse uma amiga.

Que interesse tenho agora?

Eu ouço o que te falaram e digo por outras bocas com pressa e sem voz.

Ser correto emocionalmente pela razão.
Isso existe?

Por isso não se prenda. Se esvazie até se sentir vivo.

Se suicide a cada instante. Quer seguir isso literalmente?
Tudo bem. Mas do que vai adiantar, se uma hora vai acontecer naturalmente e pode ser agora...

Só se morre uma vez.
Eita!!!
Mexa-se então!

Viva mais um dia para tentar aceitar que você é humano, e talvez o único.
Mesmo que isso leve um tempo que não seja o seu.

Isso serve pra você?

Acredite. Tudo o que falamos e fazemos tem efeito contrário ao que queremos, então pra que se iludir?

Levante a cabeça, fale o que sente, faça o que lhe importa.
Antes de abrir os olhos e antes que se feche.

Não é auto-ajuda.
É ser antes de terminar.
E seja breve ao SEU tempo enquanto se tem.



Dedico este texto a uma pessoa que não conheci pessoalmente, que ao menos sabia como era fisicamente ou que até mesmo existia, mas que de alguma forma ficou desde quinta-feira passada (05/julho/2007) na minha mente. O flautista, violonista e trombonista da banda Mombojó, Rafael Torres, conhecido como "O Rafa ou Pirulito" que morreu aos 24 anos de idade em consequência de um ataque cardíaco. E é claro, para os mortos-vivos deste mundo lindo e doce que eles transitam sem perceber a cor Azul.


Edu Ferr.

terça-feira, 3 de julho de 2007

| Ontem era domingo |

“Ontem era domingo” (faça seu plano de vôo com “Eixo do Tempo” da banda Jane Fonda do RN)

Construir anjos é uma das coisas mais gostosas de fazer.
Sempre com opção e não importa a idade, 7, 26, 28, 45 ou 50.

Primeira via com direito a tudo: RG, CPF, Título de Eleitor...
Neste tempo tudo tinha gosto, mesmo sem pista de pouso.

Se imaginar aos treze anos, era perceber que o tempo não passaria.
Visão do chão era raso.
Voar com asas curtas, não fazia parte dos planos.

No itinerário feito para uma asa tão pequena.
Só o céu teve limite para um único mergulho.

Mergulho com profundidade e sem volta.

Comparação é o vôo rasante final que damos enquanto se voa.

Onipresença em pensamentos rápidos e latentes é como dar nome ao amor.
Matilde Urrutia seria o seu nome e sobrenome.

Deixaria os óculos para não distorcer as cores. Ou era só pra fechar os
olhos e não ver a altura?

Segunda via com susto. Crescimento de novas vidas.
Renovação junto ao sol com habilitação para me dirigir ou seria pilotar?

Já alistado ficando como reserva.
É bom ficar no solo. Ou quase nele... ainda...

A umidade relativa do ar chega a dezenove.
Força “G” sempre presente... posso rir?

Espaço aéreo sem reconhecimento faz parte das acrobacias.
E nem assim, minha sombra me deixa.

Cento e cinqüenta e um é o que não é real.
E por isso se torna minha partida.
Vamos planar!

Quantas horas de vôo são importantes para se decidir quando vai parar?
Dúvida não tem pés ou velocidade, mas sempre rompe a barreira do som.

Minhas asas estão em brasas.
Mas infelizmente não posso te dar.

RG já não existe.

Estou na terceira via e desta vez com o passaporte. Hoje tenho meu plano, e é de vôo.

O que eu sei hoje, é que até os anjos aproveitam as árvores para se completar.

Posso?

Em quase trezentos anos depois, faço hoje meu aeroporto de sonhos com direito a vaga-lumes no meu jardim.

... e ontem era domingo quando isso aconteceu.



Edu Ferr.



*Foto tirada na Hermes da Fonseca onde vai ser o museu da Honda.

quinta-feira, 28 de junho de 2007

| As três Marias |

“As três Marias” (para ver as estrelas use Road Trippin do disco Californication do Red Hot Chili Peppers)


Janela Aberta?
Ventilador ligado?
Persiana batendo?
Acidente de carro na esquina?
Pessoas na rua falando como se estivessem do seu lado?

Não!

Foi só um pequeno e curto um beijo na nuca.
Foi isso que me fez pegar fogo e acordar com os olhos ainda fechados.

Lençóis para servir de testemunha, uma pequena luz em forma de lua ligada na cabeceira da cama. O silêncio do oxigênio sendo puxado.


Cadê meu ar?

Não lembro quando, mas não lembro mesmo! Faz muito tempo...
Vi o céu, as estrelas e até os anéis de saturno... E agora, só faltava às pequeninas nuvens. Já às vi!!! Olha que lindo... assim, tão redondo... durinho, macio... cabe no céu da minha boca.

Tatear com a língua foi instinto.
Cheirar com os olhos foi opção.

Meu pulso ficou rígido e pronto para ver as três Marias.

O ponto “G” não é o alvo.
Naquele momento não importava quem era a flecha ou o arco.

Ser único ao natural.
Pressão que nada. São só meus dedos planando naquele mundo recém descoberto.

Não me sinto um E.T. Sou de carne e osso.
Fui abduzido e não percebi. Que bom!

Como em um quebra-cabeça de duas mil possibilidades esperando para deixar de ser muitos e se transformar em um... perfeito, firme, forte, intenso passeio de coxas.

Os olhares se cruzam. Sentir é o efeito. Qual será a causa?

Perco o sentido.

Meu corpo está queimando.
Suor é o combustível.
Não pára!!! Não pára!!!

...

E o silêncio que não incomoda, se faz mais uma vez presente.

Nariz com nariz. Oxigênio sendo reciclado... e aos poucos, o sorriso é descortinado com um lindo nascer do sol incomum para aqueles
dias de chuva.

Bom dia!



Edu Ferr.


| Doce mundo visível |

“Doce mundo visível” (melhor empinar pipa com Adelaide da banda Mombojó de Pernambuco)


Diluir um simples sorriso em pequenas porções homeopáticas
daria para abastecer mais da metade do seu EU que é seco e curto.

Ficar parado com nível ondulares de distância, pede uma pipa como guia.
Dê-me mais linha para dispersar. Não quero rabióla*.
Girar em torno de si, é o teu exercício favorito.

Imaginar é parte de uma evolução, e de fato, a tua revolta.
Subir mais alto com um carretel de cem jardas, não é o suficiente para ser.

E com esse vento forte, que é o tempo. Pode até ajudar a romper a única ligação entre o carretel e a pipa. Mas o cerol** na linha existe para se proteger. Cuidado!

Que corda tu me deu?

Entra e sai, sobe e desce... corre!!!
Ela vai subir com teu desejo.

A transferência de felicidade deveria existir.
Melhor do que se tele transportar para um nada já conhecido de cor azul.

Mas olha que mundo lindo nós vemos.

Quer vir pra cá? Ah! Esquecer o caminho de volta é fundamental.

Me perdi. Quero minha pipa.

Entra e sai, muda a foto.
Fico na linha para te ver fora dela. E em inglês, como seria?

O zero não conta?
24. O dia.
26, dois dias depois, foi melhor.

Me empina.
Teu mundo é tão alto assim?


Edu Ferr





*Rabióla = Calda feita de linha dez e fitas para equilibrar a pipa em seu vôo e podem ser feitas de plástico ou papel de jornal.**Cerol = Linha coberta com uma leve camada de vidro moído mergulhado em cola branca. Serve para cortar as pipas menos preparadas e deixar a linha mais forte do que já é.

sexta-feira, 22 de junho de 2007

| Fuderam a física |

“Fuderam a física” (Melhor fuder com La Valse de uma banda francesa chamada Louise Attaque)


Gente solta, leve...
Ando sem pressa e com olhos fechados.
Parado em meu sentido que é puro instinto.

Vejo corpos ocupando o mesmo espaço.
Lei da gravidade só existe para penas altas
como não dar chance.

Eles, como laboratório ao ar livre, seguem se enroscando
contrariando possivelmente o desejo de ser uma maçã recém nascida.

Ser lúdico ao cubo, sem raiz quadrada me segurando firme, me faz somar forças
e querer dividir o que tenho, sem posse.

Um gole gelado do passado engarrafado.

Lentamente visualizo minha lágrima atingindo meus dedos
como um torpedo sendo lançado em alto mar.

Teclas afudam com a velocidade da luz rompendo até à barreira
do... do... do...

Lembrar relativamente que o teu café quase frio de hoje, que vai sendo tomado
pela segunda vez em uma caneca de estimação, é a forma mais absoluta
de esquecer que tenho medo de ir.

Um gole gelado do passado.

Os dois corpos agora sozinhos refletem o que um dia foi fogo em plena combustão.

Quero pó químico. Água dá choque.

Um gole gelado.

Um gole.

Um... dois...

Um pra lá... dois mais distante.

Edu Ferr.



quinta-feira, 21 de junho de 2007

| Lado de fora |

“Lado de fora”

Datas são como um marco na cabeça de uma pessoa.
Objetos são provas concretas que ali existe alma, mesmo que inanimada.

Se vestir pelo lado de dentro não significa se arrumar.
Tempo em dias, é uma forma de medir sua visão. Mesmo que esteja surdo.

- Você não me agüenta uma semana.
- Será?
- Quer apostar?
- Quero!
- Uma garrafa de vinho?
- Okay.


Eujá –VI isso. O tempo se repetindo sem mais e com muito menos.

Ver do lado de dentro com um “olho” só, é uma merda.
Dia de sábado entrando nos domingos de 24, tempo com viagem em céu amarelo.

Fixamente me perco com fidelidade.
Seguir tuas palavras por onde tive que inventar até gramática para poder te ler. E hoje, sou analfabeto de sangue por você.

No objeto de achar pessoas à distância, toca The Killers - "When you were young" e
ao me chamar com choques do lado esquerdo, me assusta o número do tempo.
E mais uma vez sento e paro pela metade. Basta ser completo para ser errado?
Bloqueio existe para ser usado. Eu segui suas palavras mais uma vez.

Segunda chance não existe quando velho. Nem tentou.
Me pendurar pelo pé sem cabeça, não é meu circo.

Sou Reai$ para o seu mundo.
Não vejo seu mural com espaço. Só muro.
Três segundos é o que a cabeça leva pra ver o seu corpo do lado de fora e sem alma.



Edu Ferr.

terça-feira, 19 de junho de 2007

| Créditos finais depois dos trailers |


“Créditos finais depois dos trailers” (bom sentir com a trilha do Teatro Mágico - Realejo)

Existe uma ordem: antes e depois, nada mais.

Prato do dia: eu choro leite, você chora café...
E com gosto amargo de um sábado sem sono.
Embora adoçado pela chuva em um mural sem fotos que
nem foram notadas a ausência. Me deixo levar.

-Estou afim, quero tentar.
-Mas você me espantou.

Tenho uma linha de luz amarela que nos leva para uma tela sem tamanho.

Leio um tema de filme seguindo o dia que pode ser quente ou frio.
Ver trailers como acidente, é passatempo.
Os créditos finais é o que nos resta.
Que gênero você gosta?

Quero algo orgânico, pode ser felicidade.
-Tem, mas ta faltando.

E sentado com as pernas cruzadas para dar sorte.
Sirvo-me de uma.

Me jogam na cara o dever, quando na verdade era só querer
Apontar o dedo? Exercício para falanges, falanginhas e falangetas.
Tô cansado. Você não?

Verbos soltos com conexão.
Quero cuidar porque posso.

Eu sou agora, o terceiro da fila. Já fui o segundo.

“Uhuuuuuu!!!” é só o que me cabe ler.
Que dó da falta.
Quero ser presente, como as sardas dela.

Espero ansioso para o errado. Certo já fui.
E agora quero dar o devido valor.

Lá vou eu engolir mais um TUDO BEM!
Cadê as nossas falas?

Trilha para ilustrar o final pálido.
Desliguem o celular.
Você viu o meu nome?

Acenderam as luzes que não são de emergência.
Fico aqui, sentado, esperando e seguindo a linha do teatro
mágico que é o cinema da alma, e que nos toma como
roteiro para não creditar o que merecemos.

Por isso, faça o seu.


Edu Ferr.

| Apenas um pré-roteiro |


“Apenas um pré-roteiro do dia-a-dia”


Tenho um colega que fala sempre em ônibus, paradas, marquises...

46, 37, 47, 35, 70... O 44 ? Que rolé troncho. Mas é a vida. Serão esses números de possíveis destinos?

Barulho de freio. Abre porta, sobe escada, fila pra subir? Quem respeita?
Fluxo invertido para não dar calote e descer sem pagar. Medida de segurança.
Você sente isso?

Que preço alto para fugir.

Cobrador. Na vida, todos têm ao menos um.
Quem não cobra?

Vale transporte é entregue nas mãos. Estudante, só meia. Se entregar por inteiro é que não dá.

Algumas pessoas chamam de catraca, roleta e até de uma forma carinhosa: borboleta.
Eu, de nada.

Vida que segue com paradas.
Lugar pra sentar, é raro.
Horário de pico, quem não tem?

Mp3 para os mais “muderninhos”. Rádio à pilha para os que aprenderam com o tempo. Que não é pra menos, sempre tem lugar garantido com direito a plaquinhas e tudo.

Parada errada.
Alguém sobe, desce...

Itinerário quase concluído.
Resta ir pro fundão ver todos “dando” as costas pra você.

Seguir em frente é como um corredor de ônibus: sempre vai ter alguém sentado, em pé, outros dando a vez, te ajudando a puxar a cordinha para sua parada ou até mesmo te encochando. Tem quem goste.
Mas sempre vai ter alguém, sempre.

Coisas da vida como ela é. Ou é um retrato básico da vida?
Pra mim é um tremendo grande ônibus lotado com pré-roteiros sendo feitos a cada parada.

Descer é fácil. Quer ajuda?


Edu Ferr.

| Água e água não se misturam |

“Água e água não se misturam”


-Vamos lá, fale o que você quer.
-Fale você primeiro, mas fale tudo. Vou ficar ouvindo.

É assim, depois de uma conversa onde as pessoas pedem para ser o primeiro, mas quando dão à vez é sempre querendo ser o primeiro.

Ledo engano quando pensamos que podemos colocar alguém em primeiro lugar.
Não, desta vez não é uma poesia. Parece mais uma reflexão baseada em uma imagem. Que reflexão barata!

Papo onde todos, mas cada um deles foi citado. Sim pessoas, eles foram CI- TA- DOS um por um... Acredite, os defeitos são as primeiras coisas em uma boa conversa para se começar a colocar um ponto final.


Vejamos o cenário:

- Cadeira
- Sofá
- Tapete
- Banquinho com dois copos de água. Eu disse DOIS copos, mas com o mesmo conteúdo: ÁGUA. Pode ser Vodka, pinga sei lá... Dúvida é fato!
- Cinzeiro, para os fumantes, é claro!
- Um livro ali no fundo? É, talvez...
- Uma foto. Ao menos é o que parece.
- Uma coisa em forma de caixinha... não sei bem...
- Um lance branco, outro preto no sofá... controle? Nós temos?!
- Objeto não identificado no encosto do sofá, ali, bem no canto superior direito. Ta vendo?


A conclusão disso tudo pra mim, é que ali, naquele “cenário” foi travado a maior das maiores batalhas já vista por todos os ouvidos: Amor x Amor.

Defeitos e defeitos, não se misturam. Água e água, também não. Quem tomou?
Eis à questão!

Entenda como quiser.

Edu Ferr.

| Azul redondo |


“Azul redondo”


Areia firme como água e solta como pedra em ladeira rolando.
Passos largos de quem engatinha para o azul redondo.

Infinito com linha tênue entre ser e estar.
Pegadas do passado que se reescrevem.

Azul...

Futuro ainda pequeno, mas com vida cheia.
Passos com a mão, uma após a outra.
Redondo são os reflexos deixados pela brisa.

Azul...

Três são as pontes para o quarto passo, um de cada vez.
Silêncio sem tempo e medo.
Ondas sem barulho para ver. Raso, fundo é assim o azul redondo.

Azul... Às vezes cinza, sem vento e com vela.

Azul redondo, lindo, vivo, com idas e vindas.
Espaço imenso até encontrar o hoje.

E o sol vai embora atravessando o atlântico para um azul mais redondo.
Um novo dia começa.

Azul redondo sem linha, sendo e estando.

Azul quadrado de ontem.
Azul redondo de hoje.
Amanha?... azul... só azul e de corpo inteiro sem pressa.
Edu Ferr.